No dia 24 de Dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu aval à produção e à comercialização de dois medicamentos para o tratamento de obesidade e diabetes. Foi a entrada oficial de uma empresa brasileira no promissor mundo dos chamados análogos de GLP-1 — ou, se preferir, o Brasil entrou oficialmente na economia do Ozempic. 

Previstos para chegar ao mercado nacional já neste ano, o Olire, voltado para obesidade, e o Lirux, para diabetes, são medicamentos injetáveis feitos da liraglutida. É uma espécie de prima mais velha, e um pouco menos sofisticada, da semaglutida, princípio ativo do carro-chefe da Novo Nordisk, que provocou uma revolução na indústria farmacêutica.

A canetinha azul que o dono da EMS, Carlos Sanchez, carrega é apenas a ponta mais visível de um plano ambicioso de internacionalização que vem sendo gestado há mais de uma década — e que envolve uma mudança de olhar da companhia saindo da inovação “incremental” para a “radical”, que caracteriza novas moléculas.

Mostrando que está na dianteira numa corrida global, a EMS foi a primeira empresa a desafiar a patente do Ozempic nos Estados Unidos, onde ela vence apenas em 2032. A companhia entrou com pedido para fabricar o genérico do medicamento no FDA, a Anvisa americana, em 5 de dezembro de 2021. 

Trata-se de um dos casos em que tempo literalmente é dinheiro. Pelas regras locais, o first to file que for realmente aprovado ganha o direito de comercializar o medicamento sozinho no país por 180 dias (o que pode acontecer antes do fim da patente, em alguns casos).

“No médio prazo, vejo a EMS faturando 2 bilhões de dólares no Brasil, de maneira orgânica, e outros 2 bilhões de dólares nos Estados Unidos”, diz o CEO Carlos Sanchez. O empresário recebeu a reportagem no complexo da farmacêutica em Hortolândia, São Paulo, próxima de Campinas, onde dá expediente e onde estão as instalações da Rio Biopharma, unidade inaugurada oficialmente em agosto. É de lá que vão sair as canetas de lira e semaglutida para o mercado nacional — e, em seguida, serão exportadas para o mercado americano.

Com um faturamento próximo de 10 bilhões de reais no ano passado, a EMS é líder inconteste no mercado de genéricos no Brasil. Seu market share nesse segmento foi de 28% no ano passado, de acordo com dados da consultoria IQVIA. 

A Eurofarma, segunda maior, tem metade disso, 14%, numa lista que é seguida pela Sanofi, dona da Medley (10,5%), e pela Hypera (6,7%). Considerando também o segmento hospitalar e medicamentos chamados OTC, que são vendidos fora do balcão, a participação da EMS no mercado farmacêutico em geral é de 9%. 

Nos últimos anos, a companhia vem crescendo acima da indústria. De 2018 para cá, o faturamento da EMS praticamente dobrou, saindo de 5 bilhões para 9 bilhões de reais em 2023. O balanço de 2024 não foi fechado, mas, até junho, o crescimento era de 13,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.  

As margens são elevadas e a empresa é uma potência de geração de caixa. A margem Ebitda gira em torno de 35% a 40% e o lucro em 2023 foi de 2 bilhões de reais. 

Apesar de ainda ver um bom potencial de crescimento no Brasil, o CEO acredita que o salto mesmo virá do exterior. “Nos anos 2000, eu faturava 1 bilhão de reais, era 1 bilhão de dólares. Hoje, eu faturo 10 bilhões de reais e é menos de 2 bilhões de dólares”, diz. Para ir para fora, as opções eram duas: ou comprar uma empresa de genéricos grande nos principais mercados ou inovar. “Genérico é um negócio de escala, ou você é o primeiro ou o segundo, ou não existe”, aponta. Sanchez então decidiu ir pela rota da inovação. 

Fonte: Natalia Viri e André Lopes, Exame, Exame, 23/Janeiro

https://exame.com/revista-exame/ambicao-global

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