Em 2030, 33,4% dos homens e 46,2% das mulheres conviverão com a doença, caso não sejam adotadas ações efetivas
Três em cada dez brasileiros vivem com obesidade, segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, lançado nesta segunda-feira, 3. Em todo o mundo, a doença afeta mais de 1 bilhão de pessoas.
O documento da Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation, WOF) revela que 68% dos adultos no País têm Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 25 kg/m². Isso quer dizer que quase sete em cada dez brasileiros estão acima do peso normal e podem ser classificados com sobrepeso (IMC de 25 a 29,9), obesidade grau I (IMC entre 30 e 34,9) ou obesidade grau II (IMC acima de 35) pela definição anterior da doença — um grupo de cientistas atualizou o conceito recentemente, englobando outros critérios além do índice.
O Atlas projeta que, em 2030, 119,16 milhões de adultos brasileiros terão IMC alto, e 33,4% dos homens e 46,2% das mulheres conviverão com a obesidade, caso não sejam adotadas medidas efetivas para barrar a progressão da doença.
- Em 2010, eram 32,6 milhões de homens e 34,4 milhões de mulheres com IMC alto;
- Em 2015, os números passaram para 38,5 milhões e 41,4 milhões, respectivamente;
- Em 2030, a projeção é de 55,8 milhões de homens e 63,3 milhões de mulheres com sobrepeso e obesidade.
A obesidade infantil no País também é alarmante: 12,9% das crianças entre 5 e 9 anos estão acima do peso, indicando tendências preocupantes para as próximas gerações, segundo a WOF.
“Com 31% da população brasileira com obesidade, não dá mais para falarmos que cada um tem que mudar sozinho, que a mudança é individual. É necessário mudar os sistemas”, defende em nota Bruno Halpern, vice-presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e presidente eleito da WOF para o período 2026-2027.
Doenças associadas e mortes
De acordo com o Atlas, em 2021, o País registrou 60.913 mortes prematuras atribuídas a doenças crônicas não transmissíveis relacionadas ao IMC elevado, resultando em 1.703.415 anos de vida perdidos.
Os principais problemas associados ao quadro foram diabetes tipo 2, doença arterial coronariana (situação em que há uma redução do fluxo sanguíneo nas artérias do coração, prejudicando o envio de sangue e oxigênio ao músculo cardíaco), acidente vascular cerebral (AVC) e alguns tipos de câncer.
No mundo, obesidade está ligada a 1,6 milhão de mortes prematuras por ano, superando os óbitos em acidentes de trânsito, afirma a WOF.
Combate à doença
O Atlas aponta que o País tem adotado políticas e ações de combate à doença, como a realização de pesquisas nos últimos cinco anos (a Vigitel 2023, por exemplo, indicou 24,3% de adultos obesos nas capitais e Distrito Federal). Por outro lado, mostra que a proporção de adultos com um nível insuficiente de atividade física é alta, variando entre 40 e 50%.
Nesse sentido, a Federação propõe uma abordagem múltipla, com promoção da atividade física, mas também com políticas de rotulagem de alimentos e tributação diferenciada. Assim, junto com o Atlas, nasce a campanha global “Mudar o Mundo Pela Saúde”, com propostas para os sistemas de saúde e ações governamentais.
“Os dados apresentados no Atlas Mundial da Obesidade 2025 são um alerta contundente de que precisamos agir agora”, diz em comunicado o presidente da Abeso, Fabio Trujilho.
“A obesidade é um desafio complexo que exige soluções integradas e colaboração global. Com a campanha, buscamos inspirar uma transformação profunda nos sistemas que influenciam a saúde das pessoas”, afirma o representante da associação, que lançará uma publicação com propostas de combate integrado à doença, incluindo adaptações nas escolas e no ambiente doméstico para combater o estigma e incentivar uma alimentação saudável.
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