Médicos e integrantes da família Pardini estão com o pé atrás na venda do laboratório
Fonte: Broadcast | Agência Estado, ESTADÃO, 31/07/25
Após trabalhar uma proposta de aquisição junto ao conselho do Grupo Fleury, a Rede D’Or está buscando diálogo com seus acionistas, onde já há alguma resistência. Médicos e membros da família Pardini, que têm participações relevantes na empresa de diagnósticos, estão com o pé atrás na venda da companhia para a Rede D´Or. A Coluna apurou que incomoda, principalmente, o preço ventilado de uma eventual proposta e também o resultado dessa transação em termos de participação que teriam após a fusão.
A negociação entre as duas empresas está em andamento há cerca de três meses, vem sendo tocada pelos respectivos conselhos e não há muitos detalhes definidos. Boa parte do conselho do Fleury é formada por membros indicados pelo Bradesco, seu maior acionista individual, entre os quais Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do conselho de administração do banco. No Fleury, a Bradesco Seguros tem 24,9% de participação, seguida por um grupo de 39 médicos (11,3%) e a família Pardini (19%).
“Sem apoio dos médicos e da família Pardini não há negócio”, disse um acionista. Para esta fonte, o ponto crucial é o preço a ser pago pelas ações, que hoje está historicamente descontado. Muitos desses médicos investem como pessoa física e têm nas ações da empresa de diagnósticos o patrimônio de suas vidas e não entregariam a qualquer preço, sem um prêmio, comenta o acionista.

Pelo valor atual, negócio pode não sair
Para esta fonte, uma oferta de preço pela ação da Fleury na casa dos R$ 14 a R$ 18, como preveem alguns analistas, dificilmente seria aceita pelos médicos e demais minoritários, que falam em um valor acima de R$ 20. “Ao preço atual, dificilmente sai negócio”, disse esta fonte. O papel fechou em R$ 14,54 nesta quarta-feira, 30, e na máxima dos últimos cinco anos, bateu em R$ 30, em janeiro de 2020.
Os analistas do Citi estimaram que o teto potencial de preço para a venda do laboratório seria a R$ 15,70 por ação, considerando que não deverá ser avaliado acima de 12 vezes o preço sobre lucro projetado para 2026. Já o UBS-BB, acredita que o negócio, se andar, pode girar entre R$ 7,5 bilhões e R$ 9 bilhões, considerando um prêmio de 10% e 30% acima dos R$ 12,62 que valiam as ações de Fleury no dia 18 de julho, último dia útil antes de a informação – não confirmada – sobre o negócio chegar à imprensa.
Os analistas do UBS-BB notam que, dado o acordo de acionistas, no qual Bradesco e o grupo de médicos são considerados um único acionista ao exercer o direito de voto, a proposta da Rede D’Or deve estar sintonizada com ambos, que juntos têm aproximadamente 36% de participação no Fleury. Juntos não são, no entanto, suficientes para aprovar a aquisição, que exige a anuência de dois terços dos acionistas.
Negócio pode solidificar relação com banco
Se o negócio for adiante, o Bradesco poderia ficar, de acordo com os analistas do UBS-BB, com uma participação entre 2,3% e 2,7% na empresa combinada o que tornaria o banco um parceiro mais relevante em toda a operação de Rede D’Or. Desta forma, dizem, os laços entre as duas empresas seriam ainda mais solidificados, uma vez que já contam com uma joint venture na operação de hospitais selecionados e o Bradesco tem uma participação relevante da receita da Rede D´Or vinculada ao Bradesco Saúde.
De acordo com uma fonte com conhecimento das empresas, a fusão interessa aos maiores acionistas das companhias, especialmente à Bradesco Saúde, que tem um negócio com a Rede D’Or e é sócia do Fleury, por meio da Bradesco Diagnósticos. Na avaliação desta fonte, a combinação das empresas pode ajudar ambas as frentes de negócios a enfrentar a alta do chamado custo médico, que cresce em média duas vezes mais do que a inflação por ano e tem pressionado o setor.
Além disso, seria uma reação a movimentações recentes, como a parceria entre Amil e Dasa na Rede Américas, e de outros participantes como a Notredame, Hapvida e Prevent Senior, de integrar hospitais com planos de saúde.
O Morgan Stanley assessora o Fleury e o JPMorgan, a Rede D’Or. Uma troca de ações, modelo usado na transação de SulAmérica, é uma possibilidade, segundo as fontes. Mas também há a perspectiva de parte do pagamento ocorrer em dinheiro, de acordo com as fontes.
Com a palavra
Procurada, a Rede D’Or reiterou que avalia qualquer oportunidade de expansão de suas linhas de negócio, inclusive por meio da aquisição de participações ou combinação de negócios com outras empresas do setor.
O comunicado diz apenas que não existe qualquer decisão, proposta ou documentos celebrados a respeito de eventual transação envolvendo o Fleury.
A empresa, contudo, não comentou questões específicas sobre a operação ou negociações com os demais acionistas em relação à rede de diagnósticos.
O Fleury informou que “não tem nenhuma informação adicional” ao Fato Relevante divulgado no dia 21 de julho
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